Saiba Como Ler os Rótulos dos Alimentos

Os rótulos dos alimentos nos fornecem diversas informações, muitas vezes de forma complexa. Saber em quais informações devemos prestar atenção nos ajuda a conhecer o que estamos consumindo, e consequentemente, podemos ser mais críticos e nos alimentarmos melhor.

A rotulagem de alimentos aplicada atualmente no Brasil é estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em sua resolução RDC 259, de 20 de setembro de 2002, na qual se estabelece quais as informações são obrigatórias e como elas devem ser expostas nos rótulos dos alimentos.

Todo alimento industrializado deve conter em sua embalagem as seguintes informações:

• Descrição do que se trata o produto, como por exemplo: ervilha em conserva, doce de amendoim;

• Lista com todos os ingredientes utilizados na produção daquele alimento, em ordem decrescente de presença;

• Local onde foi produzido;

• Prazo de validade e;

• Identificação da empresa ou importador (caso o produto seja importado).

Observar e entender essas informações nos auxilia a consumir os alimentos de forma mais consciente. A lista de ingredientes mostra quais ingredientes estão presentes em maior quantidade naquele alimento. O pão integral é um exemplo de alimento que podemos notar muitas diferenças entre eles. Conforme os primeiros ingredientes apresentados, pode-se saber se aquele produto foi produzido em sua totalidade com farinha integral ou se a maior parte da farinha empregada em sua produção foi a farinha branca, além da observação da presença de farinhas de outros cereais ou os próprios cereais, principalmente quando esses têm destaque na embalagem. Afinal, se escolhemos um pão de centeio esperamos que a maior parte dos cereais empregados em sua produção seja centeio! Essas observações nos ajuda a comprar produtos mais saudáveis e mais fiéis aos nossos desejos.

A tabela nutricional também é importante aliada na escolha dos alimentos. Obrigatória a partir de 2006, pela resolução da Anvisa RDC 360/03 - rotulagem nutricional de alimentos embalados, a tabela nutricional baseia-se em uma dieta média de 2000 kCal e apresenta os principais compostos do alimento, indicando o quanto eles representam nessa dieta. Para quantificação desses valores é definido uma porção, a qual é a quantidade média do alimento que deveria ser consumida por pessoas sadias, maiores de 36 meses de idade em cada ocasião de consumo, com a finalidade de promover uma alimentação saudável, segundo a Resolução – RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003.

Na rotulagem nutricional devem ser declarados: valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans e sódio. Opcionalmente, podem ser declarados outros nutrientes ou componentes como vitaminas e minerais. Mas, o que significam cada um?

Os carboidratos são os responsáveis por fornecer energia para o corpo, para alguns são vilões no processo de emagrecimento, porém eles são nossa principal fonte de energia e recuperação celular, além de ser um dos compostos mais presentes nos alimentos. Os açúcares, quando não especificados, estão incluídos nos carboidratos. Se compararmos a lista de ingredientes com a tabela nutricional podemos saber quais ingredientes estão incluídos nos carboidratos.

As proteínas são responsáveis pelo crescimento e reparação de tecidos, atuam na produção de enzimas, hormônios, neurotransmissores e anticorpos e no transporte de substâncias. Também atuam no metabolismo celular e na contração muscular. O consumo diário de proteínas é fundamental para o bom funcionamento do corpo humano. A proteína, expressa na tabela nutricional, pode vir de diferentes fontes, as quais incluem: de vegetais, carnes e lácteos.

As gorduras são apresentadas sob três formas: totais, saturadas e trans. Embora vistas com maus olhos, o consumo de gordura é fundamental para a sobrevivência humana. Elas participam da construção das células, mantêm a temperatura corporal, protegem os órgãos vitais, transportam vitaminas e compõem as enzimas, hormônios e substâncias que auxiliam o sistema imunológico, quando consumidas com moderação.

As gorduras saturadas quando consumidas em excesso podem levar a elevação do colesterol, por isso é importante observar a quantidade que se está consumindo. Lácteos e carnes vermelhas são exemplos de alimentos onde se encontra esse tipo de gordura.

As gorduras trans por sua vez são gorduras insaturadas com conformação diferente da convencional, normalmente produzidas em processos industriais que fazem com que óleos vegetais líquidos se transformem em gordura sólida à temperatura ambiente. São utilizadas para melhorar a consistência dos alimentos e também aumentar a vida de prateleira de alguns produtos. Oferecem riscos à saúde humana por elevarem os níveis de colesterol ruim. Para uma alimentação mais saudável indica-se o consumo de gorduras insaturadas.

O sódio é outro composto importante. Atua no equilíbrio da quantidade de água no corpo, por isso tanto o excesso como a falta causam problemas. A fonte mais comum de sódio nos alimentos é o sal de cozinha. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o consumo de sal deve ser de no máximo 5 gramas por dia. Alimentos ricos em sódio devem ser evitados sempre que possível.

Pensar não apenas em quantas calorias estamos consumindo, mas sim no que compõem essas calorias pode nos proporcionar uma alimentação mais consciente e saudável. Quando sabemos interpretar as informações contidas nas embalagens podemos controlar nossa alimentação de modo mais eficiente, melhorando assim nossa saúde e qualidade de vida. Você tem alguma dúvida sobre rótulos? Manda aqui nos comentários que te ajudamos a entender melhor :)

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Angélica Lorenzetti

Engenheira de alimentos, mestra e futura doutora. Especialista em engenharia de produção. Buscando na pesquisa contribuir para um mundo mais saudável.

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